Nota: Há momentos em que tenho incertezas quanto ao assunto sobre o qual vou escrever, porque surgiu tão somente a vontade de redigir! As palavras juntaram-se livremente e, mesmo que abstrato, meus pensamentos nelas tomaram forma e ritmo próprio. Resolvi, então, dividir este texto com os leitores tal como primeiro elaborei. Solicito a compreensão de todos, desejando uma agradável leitura!
* * * *
Os olhos dos filhos, fitando o olhar amável dos pais, transpiram cumplicidade e remetem, aos corações dos filhos, a doce e, em certos momentos, incômoda sensação de ainda ser uma criança, onde fatores tais como idade e vivência foram desconsiderados; e isso ocorre em qualquer idade e em quase todas as culturas ao redor do globo. Fato preponderante é que, ao olhar dos pais, seus filhos serão sempre crianças! Quando nascemos, se não houver o carinho e proteção dos pais, pereceremos frente às necessidades mais banais. Dependemos deles para tudo e de nada somos capazes; só iniciamos esta vida, afinal, graças aos pais! Higiene, alimentação, locomoção, abrigo, etc. Passamos pela vida desenvolvendo a capacidade em nos prover destas necessidades e, por vezes, ao final dela voltamos a ter as mesmas necessidades! Lá, já ao final da vida, não é raro inspirarmos tanto ou mais cuidados do que aquele que recebemos quando nascemos. Se observarmos o transcorrer da existência de um ser humano num ciclo de nascimento, plenitude, velhice e morte, precisamos das outras pessoas a todo instante e em todas as fases, em razão das circunstâncias mais diversas.
Existem pessoas que são adultas em seu tamanho ou idade; porém, um enorme coração da mais tenra jovialidade denuncia a criança ainda presente; outras esqueceram-se totalmente da criança que possuem em seus corações, tornando-se duras e frias consigo e com seus semelhantes. Crianças geralmente são tidas como desconhecedoras do mundo e algumas são tratadas como seres menores, no contexto de inferiores; tremenda injustiça! Observemos uma pequena lógica do coração: essas crianças não são tidas como puras em seus sentimentos? Então, se um “adulto” cultivar um coração verdadeiro e bondoso poderia tornar-se criança? É isso? Se o “tornar-se criança” implica em reagir junto aos demais com sinceridade e espontaneidade, seria adequado “infantilizarmos” todas as pessoas, principalmente aquelas que se dizem “adultos”!
Algumas crianças (Pequenas e grandes), nesta noite em que escrevo, estão solitárias enquanto seus pais dormem ao seu lado, de tão forte é o distanciamento entre seus corações; outras extremaram esse problema e distanciaram-se, também fisicamente, dos pais e vivem em pontes, abrigos e noutras condições impróprias. De toda forma, mesmo que neste momento as condições sejam difíceis, haverá sempre um débito de gratidão reciproco. Se aos filhos cabe a gratidão pela própria manifestação desta presente existência, aos pais foi dado pelos filhos uma grandiosa oportunidade em desenvolverem sua benevolência para conseguir enxergar, pelo prisma do coração, as pessoas maravilhosas que são os seus filhos.
Chegando ao mês de outubro, boa parte do Ocidente – em especial o oeste europeu e a América – comemora no dia doze o Dia da Criança. Atualmente as festividades são marcadas pelo aspecto comercialista, onde a relação incutida ao longo do tempo é a de adquirirem algum presente material para as crianças, relevando-se a real afetividade pelas pessoas a um segundo plano. Essencial é lembrar que o primordial está esquecido e que os olhos paternos tornam-se escuros mediante um gasto intempestivo – o sorriso ficará triste frente a uma nova dívida. E então, o que é mais valioso é esquecido! O que diriam os filhos se no dia doze recebessem presentes tais como abraços, beijos, sorrisos, conversa franca, uma caminhada juntos na praia? A mídia, e em especial a televisão, reforça a todo tempo a materialidade de qualquer oferecimento; porém, para os corações dos pais os eternos presentes são as existências dos seus filhos! Em retribuição a esse fato seria preciso que os pais agradecessem a cada dia aos filhos a oportunidade de que sejam seus pais e que os filhos enobrecessem as suas vidas com enorme gratidão aos pais pela própria existência. De toda forma, quem é filho se tornará pai; e quem é pai, também é filho de alguém. Numa saudável relação prevalece a equivalência! Há algum bom pai que seja simultaneamente mau filho?
Existe a possibilidade real, nunca abstrata, de que cada ser humano mostre ao outro o que tem de melhor dentro do seu coração; as pessoas podem presentearem-se com enormes sorrisos, numa celebração pela felicidade de viver e no seu sentido mais profundo. As pessoas, sejam pais ou filhos, podem se abraçar e oferecer, um para o outro, sorrisos sinceramente afáveis e cordiais. Podemos fazer de doze de outubro uma ocasião para a manifestação, na forma e no pensamento, do elevado estado de vida que existe latente no coração de cada um de nós!
Feliz Dia das Crianças! Feliz Dia de Todas as Pessoas! Feliz Dia do Humanismo!
Pinturas em telas e papel, fotos e literatura do artista Julio Silva. Ideias incontidas em palavras e imagens. Original e autoral. Direitos reservados ao autor.
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