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Cr 027 - Sumidouro da Saúde

Ao considerarmos o investimento do Governo Federal no últimos três anos, a saúde pública municipal de Iguape seria de primeira qualidade. O sistema de informações da Controladoria Geral da União demonstra o envio ao município de R$ 542.090,00 e, para o cidadão comum, poucos são os reflexos na melhoria da saúde pública local. As crianças continuam nascendo em Pariquera-Açu, e para lá temos que correr na maioria dos casos.

Um dos convênios chama a atenção pelo título, destinado à “Construção de Unidade de Saúde” (Convênio 545859) no valor de 200 mil, no qual é previsto a contrapartida de 40 mil pelo município. A última liberação ocorreu em 12-12-2006 no valor de 100 mil (uma semana após a publicação no Diário Oficial do convênio citado, ficando a metade restante retida. Assim, solicitamos esclarecimentos à assessoria de imprensa da Prefeitura, buscando informações quanto ao investimento em “Construção de Unidade de Saúde”, bem como sobre as razões da não liberação da parcela restante. Algum motivo “técnico” deve existir para tal. Assim, a Prefeitura Municipal de Iguape esclareceu: “Com relação ao convênio 545859, firmado com o Ministério da Saúde, informamos que todo o recurso já foi liberado. Os recursos são para a construção de duas Unidades de Saúde no bairro do Rocio: Unidade de Saúde do Rocio/Centro e Unidade de Saúde do Rocio/Aeroporto. Informamos ainda que a Prefeitura Municipal solicitou a prorrogação do convênio. As duas Unidades de Saúde estão em construção, sendo que a do Rocio/Aeroporto já está quase pronta. A contrapartida vem sendo paga, de acordo com o andamento das obras. A Prefeitura já quitou mais de R$ 27 mil, do total de R$ 40 mil.”

Tais informações explicam, em parte, os dados da Controladoria Geral da União onde o convênio consta como encerrado. Se de fato foram liberados esses recursos, o montante recebido pelo Município de Iguape chegou a 642 mil reais, nos últimos três anos. Dinheiro esse destinado à aquisição de ambulâncias, materiais permanentes, equipamentos e as citadas construções acima.

Conforme o Governo do Estado noticiou, para a Prefeitura de Iguape haverá dinheiro extra para saúde; serão ao todo 120 mil reais (em três parcelas), destinados aos custos com materiais nos serviços de saúde emergenciais. Entretanto, pessoas lá atendidas há poucos dias presenciaram, no serviço de emergência, cenas como a falta de antitérmico Dipirona, medicamentos e materiais para sutura. Ainda serão recebidos pelo município mais duas parcelas de 40 mil, em janeiro e fevereiro. Razões financeiras, a julgar pelo auxílio do Estado e do Governo Federal, não explicariam a situação atual.

Como exemplo, na noite de 4 de janeiro último, acompanhei uma situação inusitada, apesar de ser comum no serviço de saúde da nossa cidade. A criança T.F.S., 9, acompanhada da sua mãe, esteve no serviço de emergência do serviço público de saúde. Para ser atendida, foi preciso quase uma hora de espera, onde a informação era de que “o médico ainda não chegou”. Outras dez pessoas aguardavam por atendimento. A criança, com crise respiratória (bronquite), aguardou por quase uma hora para ser atendida.

Após atendimento pelo médico, a menina foi direcionada à Enfermagem. Lá, a técnica de enfermagem constatou que não havia medicamento para proceder à inalação prescrita pelo médico. Por sorte, a mãe da menina dispunha de alguns trocados e, além disso, ainda haviam farmácias abertas apesar do adiantado da hora. Enfim, com o medicamento fornecido pela mãe da paciente a criança pode ser atendida e já se encontra melhor. De toda forma, o SUS reembolsará o atendimento e o procedimento de emergência que ela recebeu, incluindo o custo do medicamento, à Prefeitura.

A julgar pela (ir)responsabilidade no serviço de saúde, a administração pública municipal não “começa com o pé direito”. Por outro lado, mesmo que tenha havido a troca da chefia da Prefeitura, temos poucas ou nenhuma novidade.

Nota: Segundo o Michaelis, um dos significados da palavra sumidouro é “coisa em que se gasta muito dinheiro; sorvedouro”. Outro entendimento: o de “lugar em que somem muitas coisas”. Quanto a junção dos sentidos, fica ao critério dos leitores e dos fatos expostos.

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